Contato pele a pele

Olá! Nesse post iremos falar sobre o contato pele a pele. Você sabe como funciona?

O recém-nascido que nasceu saudável é colocado em contato direto com a pele do peito da mãe, imediatamente após o nascimento e deve ser contínuo, por pelo menos uma hora.

Importante que a pele do bebê sinta a pele da mãe, o calor, o cheiro e o aconchego e por isso não pode ter tecidos ou roupas entre a mãe e o bebê. Normalmente, coloca-se uma touca e uma manta por cima do bebê que está em contato com a mãe para cobri-lo e aquecê-lo, no entanto, não se deve enrolá-lo neste momento, pois isso impede o contato pele a pele.

Logo após o nascimento, o recém-nascido fica alerta por um período aproximado de duas horas. É neste intervalo que se preconiza a redução dos procedimentos de rotina, em recém-nascido que nasceu saudável, para dar espaço ao contato pele a pele, que traz benefícios para saúde física e mental do bebê e da mãe. Esse procedimento faz parte das práticas que compõem a “Hora de Ouro”.

A Hora de Ouro consiste em 4 práticas principais realizadas durante a primeira hora de vida do bebê. Segundo a PORTARIA Nº 371, DE 7 DE MAIO DE 2014, do Ministério da Saúde, ela deve:

I – assegurar o contato pele a pele imediato e contínuo, colocando o recém-nascido sobre o abdômen ou tórax da mãe de acordo com sua vontade, de bruços e cobri-lo com uma coberta seca e aquecida. Verificar a temperatura do ambiente que deverá estar em torno de 26 graus centígrados para evitar a perda de calor;

II – proceder ao clampeamento do cordão umbilical, após cessadas suas pulsações (aproximadamente de 1 a 3 minutos), exceto em casos de mães isoimunizadas ou HIV ou HTLV positivas, nesses casos o clampeamento deve ser imediato;

III – estimular o aleitamento materno na primeira hora de vida, exceto em casos de mães HIV ou HTLV positivas;

IV – postergar os procedimentos de rotina do recém-nascido nessa primeira hora de vida. Entende-se como procedimentos de rotina: exame físico, pesagem e outras medidas antropométricas, profilaxia da oftalmia neonatal e vacinação, entre outros procedimentos;

Essa normativa foi elaborada porque já foi comprovado, por evidências científicas, que esse procedimento traz benefícios. Vamos ver o motivo pelo qual o contato pele a pele é tão estimulado a ponto de ter ganho respaldo em uma Portaria do Ministério da Saúde.

Vantagens do contato pele a pele:

  • Proporciona a regulação da temperatura corporal do bebê: O corpo da mulher sofre um leve aumento de temperatura para que sua pele consiga aquecer seu bebê nesse primeiro momento.
  • Acalma o bebê e a mãe: os batimentos cardíacos e a respiração da mãe junto com o seu calor, entram em sintonia única proporcionada por esse momento, trazendo sensação de que aquele ambiente é conhecido, seguro e acolhedor para o bebê.
  • Auxilia na estabilização sanguínea, batimentos cardíacos e respiração da criança.
  • Reduz o choro e o estresse do recém-nascido proporcionando menor perda de energia.
  • Favorece o início da amamentação.
  • Promove a colonização da pele do bebê por micro-organismos benéficos à saúde, ajudando a desenvolver uma boa imunidade e protegendo contra algumas doenças, principalmente as alérgicas.
  • Auxilia no alívio e abreviação da dor materna.
  • Diminui o sangramento materno pela produção de ocitocina.

Dentre os benefícios do contato pele a pele vamos destacar neste post os impactos positivos na amamentação. O bebê ao estar em contato direto com a pele da mãe, próximo ao seio materno, sente o cheiro, a textura e o formato. Neste momento, também inicia a percepção da deglutição, nunca sentida antes, propiciando um reflexo de sucção mais eficaz. A necessidade fisiológica de se alimentar, somada à segurança e proteção sentida neste procedimento, aumentam a chance do desenvolvimento de uma sucção mais efetiva, influenciando na produção do leite e no sucesso da amamentação, além de estimular a produção hormonal da mãe, e de contribuir de forma positiva na relação mãe-filho.

Esse procedimento também auxilia na adaptação extrauterina. Isso ocorre porque, quando o bebê recebe o acolhimento nesse primeiro momento, ele sente os estímulos da mãe que são prontamente reconhecidos, trazendo uma sensação de segurança e conforto frente ao novo mundo.

Sendo assim, o contato pele a pele se faz extremamente necessário e importante para o desenvolvimento do bebê e deve ser reivindicado sempre que não for o primeiro impulso da equipe hospitalar.

É importante ressaltar que os benefícios do contato pele a pele não acontecem apenas no parto normal. Bebês nascidos de cesarianas e de partos prematuros também podem se beneficiar. O contato físico em prematuros além de agir como calmante, melhora o desenvolvimento neurológico, sendo fundamental ao desenvolvimento saudável do cérebro a longo prazo.

Qualquer dúvida sobre esse ou outro tema, nos escreva!

Referências:

Revista Brasileira de Enfermagem, Contato precoce pele a pele entre mãe e filho: significado para mães e contribuições para a enfermagem. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672010000600020> Acesso em 09 de abril de 2021.

Ministério da Saúde, Portaria Nº 371, de 7 de maio de 2014. Disponível em <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2014/prt0371_07_05_2014.html> Acesso em 09 de abril de 2021.

Texto produzido pelas Acadêmicas de Enfermagem Grazielle Cristine Alves Bittencourt, Isabelle e Profª Drª Cristiane Rodrigues da Rocha.

Publicado por Dra. Cristiane Rocha

Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Especialista em Obstetrícia pela UFRJ e Especialista em a Moderna Educação pela PUC.

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